domingo, 20 de dezembro de 2009

NÓS PERCEBEMOS QUE...

O início de qualquer momento é temeroso pelo fato de ser novo ou desconhecido. A princípio, diante de qualquer fato inédito, sentimos muitos medos. Medo de não dar conta, medo da crítica, medo de perceber que não fez tão bem como deveria ou como era esperado(somos tão exigentes conosco...).

Conhecer o Programa GESTAR foi uma experiência assim. Ficamos tremendo na base com a novidade e, por algumas ou muitas vezes, pensamos em desistir. A sensação era de desespero, angústia, irritação, de sem chão... O que é isso meu Deus?!!! O que faço?!!! E agora?!!! Onde eu fui me meter?!!!

Porém, hoje, com tudo (ou quase tudo) dominado, sentimos uma satisfação imensa, uma felicidade invadindo a área profissional que vai perpassando as outras áreas (a autoestima vai lá no céu)e contagiando todos ao redor. Penso que é por isso que os colegas de outras disciplinas que negaram trabalho em conjunto no início do programa, declinaram da decisão e embarcaram conosco em muitos projetos realizados na escola.

Você sabe o que é ouvir elogios de pais, elogios de alunos, elogios de colegas, elogios de diretores?...Enfim, sabe o que é perceber no rostinho do aluno a alegria de, finalmente, ter entendido uma coisa e mais um pouco dela? Sabe a sensação de liberdade, de soltura, de ser você? De se descobrir neste novo caminho antes temido e quase rejeitado?
Ah!!!! O GESTAR... Participar deste Programa tem sido:



Daí, no Seminário de Avaliação, percebemos que somos EDUCADORES capazes, especiais, criativos, animados, competentes mesmo. Somos professores pesqisadores em todo o tempo. Pecebemos que temos, agora, um diferencial no nosso trabalho.

Não temos palavras para agradecer o conhecimento adquirido em todo esse tempo.
Que 2010 seja tão ou mais recheado de novidades práticas.
Feliz Natal! Feliz 2010!

sábado, 3 de outubro de 2009

PRODUÇÃO TEXTUAL




Todo professor deseja que seus alunos escrevam bem. Todo aluno anseia por assim escrever. O que é escrever bem? Como escrever? Para que escrever? Para quem escrever? E com qual intenção?
Realmente, este processo não é simples para o aluno. No entanto, é comum a exigência de que ele, estando no ensino médio, saiba redigir muito bem. Porém, tal prática é adquirida ao longo do ensino fundamentaL e, no ensino médio, então, tal arte se consolida.
Acredito que bem analisaram os estudiosos Marlene Scardamalia e Carl Bereiter que observaram diferenças básicas entre os escritores maduros e os inexperientes.
Os maduros planejam a escrita: planejam, revisam, consideram elementos como: o assunto, o interlocutor, o objetivo...; os inexperientes buscam assuntos na memória e os escrevem, produzindo textos similares à fala.
Como a escola é o palco da escrita, Scardamalia e Bereiter concluíram que as estratégias utilizadas pelos escritores maduros podem ser ensinadas para os alunos.
E por que não?
A sugestão é trabalhar a escrita de um texto no período de várias aulas (quantas forem necessárias de acordo com a turma), propondo o planejamento da escrita, ou seja, a transformação do conhecimento.

O planejamento é a 1ª das etapas da produção textual que é composta por: planejamento, escrita, revisão e edição.
No planejamento, a prática de leitura e escrita deve ser realizada como uma sequência em que o aluno está sempre tendo oportunidades para pensar e refletir sobre o texto que produzirá, interagindo com o próprio texto e com os colegas.

O aluno (autor do texto) precisa pensar e definir sobre:

.O gênero do seu texto
.Que mensagem quer passar
.Quem ele quer atingir com a mensagem do seu texto

O planejamento requer situações e atividades que devem ser promovidas pelo professor, preparando o aluno para a escrita. Leituras diversas auxiliam o aluno a construir um repertório de informações variadas sobre o mesmo assunto, ampliando seu ponto de vista e sua capacidade de escrever a respeito.

No trabalho com leituras diversas o leitor precisa identificar:
.O gênero do texto
.a que o texto se refere
.a quem o texto se refere
.Qual a intenção do texto
.Realizar, além da leitura das palavras, a leitura dos aspectos visuais do texto (se houver).
.Realizar a leitura dos diferentes significados e sentidos de algumas palavras
.Fazer a transposição do tema sugerido no texto para a atualidade

E mais: o professor pode conduzir o aluno para que ele faça a leitura de textos em 3 níveis:

1º nível: Leitura Objetiva

Leva o aluno a perceber o que está explícito no texto.
É importante para a compreensão, não só promover perguntas cujas respostas estejam explícitas no texto, mas contextualizá-lo para a aluno.
Por exemplo: O que diz o texto? Em que local se passa? Isto acontece/existe na nossa cidade/comunidade?...

2º nível: Leitura Inferencial.

É o momento crucial para o aluno enquanto leitor. Ele precisa perceber o que está implícito no texto e entender qual é a importância da mensagem deste texto escrito. Relacioná-lo com o texto visual ( se houver).
Por exemplo: Por que o autor fez desta forma? O que o autor disse te faz lembrar algo ou alguém? Se sim, o que/quem? Qual a relação entre o texto escrito e o visual? Qual é a intenção/proposta do texto? Podemos realizar a proposta do texto? Como?...

3º nível: Leitura Avaliativa (opinativa/participativa)

Aqui o aluno manifesta seu ponto de vista a respeito das idéias e atitudes expressas pelo texto.
Por exemplo: Você concorda com o que o autor disse? Por que? Podemos fazer diferente? Alcançaremos qual resultado se agirmos diferente? De que forma podemos agir, então? ...



Com isto, o professor pode passar para a 2ª fase: Produção textual

Levar o aluno a pensar:
.O que escrever? Por quê? Para quem? Onde? Como?
.Produção do texto escrito.
.Leitura dos textos produzidos pelos seus autores (aqueles que queiram fazê-lo espontaneamente).
.Reflexão, ou seja, análise lingüística. O que devo mudar no texto para que ele fique claro no que eu quis dizer? O que mudar no texto para que ele fique de acordo com a gramática normativa?

3ª fase: Revisão

Leitura dos textos produzidos (espontaneamente): professor/aluno, aluno/aluno.
Analise o seu texto, levando em conta estes questionamentos:
Meu texto pode ser lido por qualquer pessoa?
E a ortografia? Escrevi corretamente as palavras de modo a representar o sentido que pretendi lhes dar?
Pontuei adequadamente?

E finalmente a 4ª fase: A reescrita.

Fonte de pesquisa:
A Linguagem e o outro no Espaço Escolar: Vygotsky e a construção do conhecimento/Ana Luisa Smolka, Maria Cecília Rafael de Góes (Orgs). – Campinas, SP: Papirus, 1993.
Programa Gestão da Aprendizagem Escolar - GESTAR II. Língua Portuguesa: Caderno de Teoria Prática 6 – TP6: leitura e processos de escrita II. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Qual o conceito que você tem de gramática?



Uma criança, aos seis anos, domina a estrutura da língua, pois já a possui internamente. Na sua fala as palavras são organizadas, faz uso apropriado do masculino e feminino, além de fazer relação de causa e gradação.
O ensino produtivo da gramática propõe que o professor valorize o conhecimento que a criança leva do contexto familiar para o espaço escolar.
No EF/anos finais, esse ensino se dá colocando o aluno em contato com os diversos gêneros e com a produção de textos.

A gramática descritiva preocupa-se em descrever como a língua é usada naturalmente por seus falantes em situações específicas. Tal observação implica em análise. Quando analisamos observações feitas em situações específicas, praticamos o ensino reflexivo da gramática.
O estudo reflexivo da gramática é, quase sempre, o desdobramento natural de um bom ensino da língua e isso envolve a reescrita da produção de textos.
Isto requer do aluno a reflexão sobre suas escolhas e estudo das possibilidades de melhor se expressar.

A gramática normativa tem seu foco exclusivamente no estudo das regras de uso da norma culta. Nela, a noção de erro e acerto é muito marcante, pois, somente o ensino prescritivo da gramática normativa era valorizado.

Na sala de aula é bom considerar um tempo para cada um dos tipos de ensino: o produtivo, o reflexivo e o prescritivo. Para que assim, auxiliemos o nosso aluno a desenvolver competências para o uso da língua nas mais diversas situações sociais.





Fonte de pesquisa: Programa Gestão da Aprendizagem Escolar - GESTAR II. Língua Portuguesa: Caderno de Teoria Prática 2 – TP2 Análise LINGÜÍSTICA e Análise Literária. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Língua e Cultura

Muitos dos textos que produzimos, como também as comunicações oficiais, são elaborados de acordo com a norma culta.
A norma culta, do ponto de vista da comunicação e como uma das variantes do dialeto, é eficiente e válida . Sua importância é inegável, pois, é a nossa língua padrão. Porém, isso não faz dela a melhor, e nem a pior, de todas.

Como é o ensino da norma culta no ensino fundamental?
É um ensino que valoriza a diversidade linguística?

É aconselhável que a escola, espaço de interação e aprendizagem, não alimente o preconceito lingüístico. Atitudes preconceituosas fazem com que o aluno perca o interesse em adquirir conhecimentos e isso, consequentemente, o exclui das oportunidades na sociedade já que ele não irá, assim, desenvolver a capacidade de compreender e produzir os mais diferentes textos, para as mais diversas situações da língua.

Sabemos que toda atitude preconceituosa promove, injustamente, a exclusão.

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA = AVALIAÇÃO

Cada forma linguística variante recebe, numa relação de poder, uma avaliação distribuída ao longo de uma linha que vai do mais estigmatizado ao mais prestigiado.
Observe os dados abaixo:

+estigma................... +prestígio

- renda.............................+ renda
- escolaridade...................+escolaridade
+ rural..............................+urbano

Na sala de aula, é preciso valorizar as modalidades da língua: oral e escrita.
A oralidade não é um campo exlcusivo do registro informal, pois há situações que exigem o emprego da oralidade no tipo formal. Ela é uma linguagem viva, rica de possibilidades de intervenção entre os locutores.

Ouvir e falar, ler e escrever, devem ser atividades constantes na sala de aula.

3 pontos importantes:

.A norma padrão é um elemento importante da nossa cultura e não pode ser desprezada.
.Os gêneros com escritos mais monitorados são os que gozam de maior prestígio social.
.As estruturas textuais características da norma culta só podem ser aprendidas se em contato com elas. Contato este que se dá através da leitura e da escrita.

Outros 3 ontos igualmente importantes:

. Numa época em que está em voga o respeito à diversidade, o respeito à diversidade linguística também é um direito.
. Aprender a norma culta é ter mais uma opção de uso da língua.
. Quanto mais opções o aluno conhecer, mais ele poderá atuar na sua comunidade, na sociedade e se desenvolver como cidadão.

Então, o que priorizar?

De acordo com Magda Soares, precisamos reconhecer que os nossos alunos devem aproximar-se do dialeto de prestígio e dominá-lo, não para que se adaptem às exigências de uma sociedade que divide e discrimina, mas para que adquiram um instrumento fundamental para a participação política e a luta contra as desigualdades sociais.

Ao permitir que o sujeito interprete, divirta-se, seduza, sistematize, confronte, induza, documente, informe, oriente-se, reivindique, e garanta a sua memória, o efetivo uso da escrita garante-lhe uma condição diferenciada na sua relação com o mundo, um estado não necessariamente conquistado por aquele que apenas domina o código (Soares, 1998).
Por isso, aprender a ler e a escrever implica não apenas o conhecimento das letras e do modo de decodificá-las ou de associá-las, mas a possibilidade de usar esse conhecimento em benefício de formas de expressão e comunicação, possíveis, reconhecidas, necessárias e legítimas em um determinado contexto cultural.


Fonte de pesquisa: Programa Gestão da Aprendizagem Escolar - GESTAR II. Língua Portuguesa: Caderno de Teoria Prática 1 – TP1: linguagem e cultura. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008.