domingo, 23 de novembro de 2008

Dia da Consciência Negra

O dia 20 de novembro, no Brasil, é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. Uma homenagem a Zumbi, personagem histórico que representou a luta do negro contra a escravidão no período colonial.

Todas as escolas brasileiras, acredita-se, realizaram atividades com o objetivo de refletir e conscientizar a sociedade sobre a importância do povo africano que contribuiu e muito para a formação da cultura nacional, da construção da história desse país. Atividades que se realizaram para cumprir a lei 10639/03 que trata da inclusão de conteúdos que visam estudar a história da África e a cultura afro-brasileira.

Será que a discriminação racial tem diminuído?

Embora a luta contra a desigualdade tenha gerado pontos positivos como, por exemplo, o aumento no número de negros ou pardos no ensino superior, ainda é negado aos afrodescendentes, o acesso a direitos, bens e serviços.

A pesquisa feita pela Fundação Cultural Palmares, diz: “apenas 4% da programação das três principais emissoras públicas do país (TV Cultura, TVE Rede Brasil e TV Nacional) aborda em entrevistas, programas de auditório e telejornais elementos da cultura negra, mesmo com 49,5% da população ser declarada preta ou parda, segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE.”

Acredito que um dia para reflexão, embora seja o começo de uma nova história, não é o ideal, pois a tendência é refletir sobre a cultura afro-brasileira no dia 20 de novembro, imaginar que isso basta e, então, deixar a história do negro cair no esquecimento.

A lei 9394/96 ficou bem clara quando do acréscimo do artigo 26-A, § 2º que diz: “Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística, de Literatura e História Brasileiras.”

Sistema de cotas, seja destinado para quem for; colocação de um ou outro indivíduo no topo da pirâmide (como se toda a ação canalizada nele bastasse para dirimir a dívida de toda uma história regada a danos psicológicos, sociais, políticos, materiais e educacionais); um dia exclusivo para reflexão...são apenas procedimentos iniciais.

Na verdade, para que seres humanos não sejam queimados vivos, nem desqualificados por sua cor, crença, origem, sexo, raça e idade, os procedimentos educacionais precisam fazer parte do nosso dia-a-dia.

Destarte, é necessário que a instituição de ensino elabore, execute durante todo o ano letivo e avalie programas e projetos destinados não só aos alunos e professores, mas, também, às famílias dos alunos, funcionários da escola e à comunidade em geral, promovendo, então, reflexões constantes e não estanques, pois são elas que corrigirão posturas, atitudes e palavras que impliquem desrespeito e discriminação. Acredito que, com isso, será possível a reeducação das relações entre diferentes grupos étnico-raciais, ou seja, reeducação das relações entre descendentes de africanos, de europeus, de asiáticos ...

Quanto ao Estado, espera-se que continue incentivando e promovendo políticas de reparações aos danos causados ao negro, de reconhecimento da necessidade de se fazer justiça, de valorização da diversidade cultural. É direito de todos à educação de qualidade, à formação para a cidadania, ao tratamento igualitário, ao reconhecimento de sua responsabilidade na construção de uma sociedade justa e democrática, em que todos, como reza a LDB, igualmente, tenham seus direitos garantidos e sua identidade valorizada, banindo a idéia de superioridade de uma pessoa em relação a outra.

Eu anseio não por um Brasil que precisará decretar dias específicos para reconhecimento de alguns, mas, por um Brasil em que todo dia será comemorado como o dia de todos.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Pressuposto e Subentendido

“ Eu gosto de catar o mínimo e o escondido. Onde ninguém mete o nariz, aí entra o meu, com a curiosidade estreita e aguda que descobre o encoberto.”
MACHADO DE ASSIS.Obra completa.v.3.Rio de Janeiro:Nova Aguilar: 1994.

Pressuposto e subentendido

Nem sempre percebemos que, ao ler, complementamos informações fornecidas pelo texto com outras informações que inferimos a partir do que foi dito pelo autor. Isso porque o texto nos transmite, pelo menos, duas informações: uma que é pressuposta e outra que está subentendida.

Esse é um aspecto não só intrigante como interessante: a presença de enunciado com pressupostos e subentendidos. Para desvendá-los é preciso ser um leitor perspicaz, que lê nas entrelinhas para, assim, captar as mensagens implícitas.

Pressupostos são idéias não expressas de maneira explícita, mas que podem ser percebidas a partir de certas palavras que, por si mesmas, veiculam significações implícitas.


.certos advérbios - O resultados da prova ainda não foi divulgado.
(Pressuposto - O resultado já devia ter sido divulgado ou O resultado será divulgado com atraso.)

.certos verbos - O esquema da mala tornou-se público.
(Pressuposto - O esquema não era público.)

.orações adjetivas - Os candidatos a prefeito, que só querem defender seus interesses, não pensam no povo.
(Pressuposto - Todos os candidatos a prefeito têm interesses individuais.)

.adjetivos - Os partidos radicais acabarão com a democracia no Brasil. (Pressuposto - Existem partidos radicais no Brasil.)

Subentendidos são insinuações escondidas por trás de uma afirmação.

Enquanto o pressuposto é lexical e é um dado apresentado como indiscutível para o falante e o ouvinte, não permitindo contestações; o subentendido é contextual, é pragmático, é de responsabilidade do ouvinte, e por isso, altamente variável, uma vez que o falante esconde-se por trás do sentido literal das palavras.

sábado, 18 de outubro de 2008

Fazendo a diferença

-Filha, o que você quer ser quando crescer?
-Eu quero ser professora.
-Tem certeza?
-Tenho.
-Então, eu te dou permissão para prosseguir nos estudos.
Com essas palavras, meu pai abençoou minha jornada ao invés de interrompê-la.
Numa família de oito filhos, era assim: os homens serviam o exército, e em seguida, deviam trabalhar, pois, para meu pai, ficar parado, só por conta dos estudos, ou sem emprego significava “ficar à toa”. As mulheres aprendiam a bordar, coser, cozinhar, lavar, passar e cuidar de bebês e, assim, estavam aptas para trabalhar como empregadas domésticas. Com isso, para elas, dava-se por concluído o processo de estudo na 5ª/6ª série primária. E eu, talvez por ser a “rapa do tacho” nessa família, fui agraciada com a permissão de prosseguir meus estudos. Além da permissão recebi incentivo.

Lembro-me de ouvir os causos contados pelos mais velhos, dos quais meu pai era protagonista, em sua grande maioria. Além das narrativas orais, que reunia toda a minha família, ouvia histórias infantis do famoso disquinho, isso era algo fenomenal, como minha imaginação alcançava o ápice em todas essas atividades.
Meu pai foi o grande companheiro de longas horas, ouvíamos músicas sertanejas e as analisávamos. E como não podia deixar de ser, o primeiro livro que ganhei foi ele quem me deu. É pena que não pude lê-lo, uma vez que, no mesmo dia eu o levei para a escola (Escola Classe 26 de Taguatinga), a professora pediu emprestado para ler e até hoje não devolveu. Mas, lembro-me que se tratava de borboletas, pois a capa era cheia de gravuras delas.

No ensino fundamental, encontrei professor de ciências chamado Luís. Eu gostava de suas aulas pelo conteúdo: o corpo humano. Eu lia tudo que se referia a sua aula, pois, além de serem ministradas de forma atrativa, eu queria conhecer meu corpo e entender porque passava por mudanças.
Os demais professores não fizeram outra coisa a não ser mandar-me sentar e ficar quieta no “meu lugar”, fato que aumentou a minha timidez e insegurança, contra as quais tive que lutar bravamente. Questiono-me qual seria esse lugar. Seria o lugar da subalternidade, no qual pessoas da minha classe ou cor não tinham vez nem voz?
Hoje eu percebo nessas ações um viés de preconceito, uma vez que alunos brancos não sofriam as mesmas sanções em situações semelhantes, ou até mesmo eram incentivados, enquanto eu, apesar de obediente ou, como dizem hoje, disciplinada, era sempre repreendida, às vezes tinha a sensação de ser censurada por existir.

No ensino médio, ah!!! Ensino Médio maravilhoso! Passei por tantos momentos difíceis, porém, encontrei um professor chamado SÉRGIO. Ele deu um norte para minha vida profissional. Nessa época, estudava no Centro Educacional 08 de Ceilândia.
Fiquei embevecida com tanto amor pela literatura e, é claro, fui fortemente contagiada por esse amor.
Este professor foi o responsável por me introduzir no mundo mágico da leitura.
Não me esquecerei de que leu conosco em sala de aula o livro Uma vida em Segredo, de Autran Dourado. Além deste livro, eram indicados vários outros paradidáticos, os quais não podia comprar,então, a solução que encontrei, era pedir emprestado aos colegas e ler nos horários vagos e nos intervalos das aulas, uma vez que não podia trazer o livro dos colegas para casa. Apesar de ficar encantada com alguns dos personagens que tinha contato, não podia saboreá-los de forma mais tranqüila, minha leitura era apressada, o que a fazia se tornar mais superficial.

O professor Sérgio trabalhou textos como ninguém e incentivou-me tanto que, das redações de sala de aula, passei a escrever contos, os quais eram devolvidos com recadinhos incentivadores e isso se tornou o nosso elo, já que a timidez me dominava.
Ao fazer a retrospectiva de minha vida com os livros, percebo que o professor precisa ter o olhar desenvolvido para perceber os alunos, mesmo aqueles mais tímidos, pois fazer com que o aluno descubra sua capacidade, seu dom, não é para um simples professor e sim para um professor-pesquisador, como o meu querido professor Sérgio.

Cursar letras foi meio decepcionante, pelo fato de que não encontrei nos professores da faculdade a mesma paixão. A literatura apresentou-se morta, desanimada, preguiçosa... fruto de uma pedagogia obsoleta.
Toda a paixão, a audácia e a acuidade do meu professor Sérgio, reencontrei-as nos professores da UnB e nas professoras da EAPE. São pessoas que me tiraram de um quartinho sem janela, me colocaram no topo de uma montanha, apresentaram-me um horizonte amplo, sem fim e disseram-me: “Prossiga. Esse horizonte é todo seu.” E eu atendi prontamente a esse chamado, cada dia estou mais íntima das palavras, sentindo-me feliz onde estou, com o que faço e com o que aprendo.

A minha biblioteca permanece em construção e, recentemente, adquiri livros dos seguintes autores para comporem meu acervo: Roberto Acizelo de Souza, Valter Kedhi, Ligia Chiappini, Antônio Soares Amora, Umberto Eco, Leyla Perrone, Dioney Gomes, Marcuschi, Theodor Ludwig Adorno, Immanuel Kant, Friedrich Nietzsche...
Aprender! É o que nunca deixarei de fazer. Destarte,os desafios são bem-vindos!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Raízes do Brasil

De Sérgio Buarque de HOLANDA, O livro Raízes do Brasil, além de sociológico, é histórico. Não se limita a uma área de conhecimento,por isso, nos possibilita ir e vir no tempo. O transitar por dois mundos – nosso passado e nosso presente – permite-nos observar situações que ocorreram e outras que ainda ocorrem no país. E por que não caracterizá-lo também como crítico e instigante? É crítico porque nos faz questionar acerca de inúmeras situações vividas por nossos ancestrais, situações que vivemos e situações que viverão nossos filhos e netos. É instigante porque as respostas para tantos questionamentos são, às vezes, obscuras, e outras tantas vezes com possibilidade de mudança. As respostas se tornariam claras, por exemplo, com ensino de qualidade para todos, e com possibilidades de mudanças quando as pessoas perceberem seu real valor na sociedade. Sérgio Buarque de Holanda, num relato diacrônico, deixa à mostra uma sociedade brasileira altamente egoísta, que tem no homem um ser absoluto, isolado, que se basta. É possível perceber claramente que, em tempo de escravidão, somos uma sociedade sem vida, sem idéias, sem sonhos, pelo fato de que culturas foram imputadas. Suscitam algumas indagações como: de que povo esse país é formado? Há negros, brancos, índios, ou seja, a miscigenação é latente. Que tipo de civilização o brasileiro representa? Existem elementos culturais. São contribuições com maior ou menor grau, mas, que promovem o desenvolvimento cultural dessa sociedade. Isso nos leva à necessidade de repensar nossa identidade nacional. Trazendo à memória que a identidade nacional não é um fato puro e simples, imutável, estático, muito menos uma ação imposta a qual você aceita desde seu nascimento. A identidade nacional é construída, por isso é mutável. Destarte, é instigante a visão mostrada no livro sobre a participação do negro na história como “matéria-prima” para o nascimento da sociedade brasileira, e, consequentemente, da sua identidade, pois, a mão de obra exigida no Brasil, por conta dos aventureiros que aqui vieram, não com o intuito de trabalhar, mas de obter lucros, ficou por conta dos negros que devido a questões estratégicas não conseguiram êxito na luta contra tamanha violência, diferente do que aconteceu com os índios que não se deixaram dominar e reagiram à forma violenta imposta pelo escravismo colonial, ainda que sua mão de obra tenha sido abundante no início da lavoura canavial. É relevante a exposição da necessidade do resgate de uma história que até os dias de hoje implica em negação da raça negra. É possível perceber, de forma veemente, a imagem do negro associada às correntes. Há uma dificuldade em se exercer a cidadania quando tal processo exige a formulação de um modelo de origem do afrodescendente. Um fato que pode ser amplamente modificado se o professor em sua sala de aula não se limitar a promover debates sobre essa questão pautando-se apenas pelo livro didático. O livro didático não oferece ao aluno subsídio suficiente para análise da história do país de forma ampla e crítica. Pois, só a ação de desenvolver nos alunos a habilidade de perceber a história de seu país numa visão ampla e crítica tornará possível a consolidação de um país com identidade construída de fato. E da mesma forma, dispensar um olhar crítico sobre o homem aventureiro que passou todo o seu tempo à luz da escravatura, priorizando viver sob horizonte amplo, de forma imediatista. Traspassando, em meio a uma sociedade rural, da escravidão aos movimentos liberais que empreenderam o fim do tráfico negreiro, desperta a família apresentando uma sociedade com perfil machista e patriarca. Nesse espaço de tempo, em meio a tamanha exclusão feminina, há o início da luta pela libertação da mulher. Luta que propõe considerar os direitos daquelas que estão desfavorecidas. O que contribui para tornar o Brasil um país democrático. A democracia assumindo o lugar do autoritarismo. Daí, SBH traz o complexo desse princípio: a democracia que se contrapõe ao personalismo nos levando a novas e constantes reflexões.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Gêneros e Tipos Textuais

De acordo com Luiz Antônio Marcuschi, sempre que nos manifestamos linguisticamente, o fazemos por meio de textos. Textos que podem ser orais ou escritos, mas, que se deslocam da frase isolada para participar de processos e do funcionamento da língua de forma concreta.

Assim os textos se materializam nas mais variadas formas, funcionado nos modos mais diversificados em situações sociais do dia-a-dia. Tais materializações dos textos se dão em gêneros textuais.

O trabalho com gênero no ensino da língua é relevante quando se trata de produção textual além de tratar integradamente questões de produção, compreensão, gramática e uma série de outros aspectos centrais no ensino de língua. Aqui se pode analisar não só o funcionamento da língua como o funcionamento da própria sociedade mediado por atividades discursivas.

A atuação dos falantes gera novos gêneros e estes se transformam em instrumentos de ação social.

Gêneros textuais: são textos concretizados que encontramos em nosso dia-a-dia e que apresentam padrões sócio-comunicativos característicos definidos por composições funcionais, objetivos enunciativos e estilos concretamente realizados na integração de forças históricas , sociais, institucionais e técnicas. Os gêneros são ainda, formas textuais bastante estáveis, histórica e socialmente situadas.

Os tipos textuais: designam uma espécie de seqüência retórica subjacente definida pela natureza lingüística de sua composição ( aspectos lexicais,sintáticos, tempos verbais, relações lógicas, estilo). Em geral, os tipos textuais abrangem meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição e injunção.

Segundo Maria Luiza Monteiro Sales Coroa, a sistematização escolar é que vai aflorar no aluno a capacidade de reconhecer e utilizar os gêneros textuais já na primeira infância.

Para identificar a diversidade de gêneros textuais não é necessário conhecer uma classificação prévia, basta exercitar a competência sociocomunicativa, a experiência com a linguagem e o conhecimento de mundo.

Com as diferentes formas de ver o mundo que cada sujeito desenvolve (incluindo o mundo das palavras) ele age e reage linguisticamente, ou seja, aprende comportamentos lingüísticos (o que pode ou deve ser dito, o que não pode ou não deve ser dito, como pode, ou deve ser dito, em qual situação).

Embora a competência sociocomunicativa esteja desenvolvida, juntamente com a aquisição da língua materna, a vida adulta em um mundo letrado exige refinamentos na identificação dos gêneros que devem vir juntamente com o aprendizado sistematizado das regras da língua e da elaboração textual.

Gêneros textuais: realizações sociocomunicativas

Tipos textuais: realizações lingüísticas (estruturais e formais)

Finalizando, sabe-se que é relevante o trabalho em Língua Portuguesa com gêneros textuais e a escola (lugar propício para a realização de atividades que trabalhem a formação do indivíduo) deve estar atenta ao livro didático como instrumento de trabalho para que ele não seja um elemento complicador no trabalho do professor e nem influencie negativamente no processo de aquisição de conhecimento.

domingo, 10 de agosto de 2008

sábado, 9 de agosto de 2008

A Linguagem Miguxês

Realmente a diversidade vocabular nos surpreende. Ás vezes não tanto quando se trata de jovens que pela sua dinâmica buscam sempre modificar a língua. Pela fonética elimina certos códigos e cria outros.

Leia o texto extraído da Revista "Isto é" que encontrei postado no terra.com, na coluna Comportamento:

Comportamento

vuXxe sAbE falAH miguXexX ?!"Você sabe falar miguxês?" É o que está escrito aí em cima na nova linguagem dos jovens CARINA RABELOTRIBO Beatriz (à dir.) se comunica com um grupo de dez amigas apenas em miguxês

A cada geração, os adolescentes criam seus códigos específicos de comunicação. É uma forma de caracterizar o grupo e, principalmente, excluir os mais velhos da conversa. Quem não se lembra da Língua do P (a letra P vinha sempre no início de cada sílaba), que embalou as conversas juvenis dos adultos de hoje. Atualmente, está na moda o “miguxês”, uma derivação do “internetês”, linguagem utilizada pelos jovens na internet na última década. O internetês surgiu durante a troca de mensagens na rede por e-mail, MSN e Orkut e tinha como proposta abreviar as palavras e simplificar o texto. O objetivo do miguxês é complicar a escrita e ir além do mundo virtual. “Não consigo entender nada do que elas conversam”, comenta Estella Oliveira, mãe de Beatriz Oliveira, 12 anos, que se comunica com um grupo de dez amigas apenas em miguxês. “Todos os meus colegas na escola falam e escrevem assim. No início parece estranho, mas a gente aprende rápido”, diz ela. Uma frase como “Quero ir à festa da escola hoje à noite” vira “KErU I a fEstAh daH eScolaH HJ A Noiti”.

TÔ FORA Juliana desistiu da língua depois de ir mal na escola

O miguxês foi criado pelos emos, tribo de adolescentes que valoriza a emoção. A linguagem transcendeu o grupo e alcançou jovens e adolescentes de todo o País, como o baiano Márcio Miler Monteiro dos Santos, 15 anos, que mora em Salvador, na Bahia. “É uma forma diferente e carinhosa de se comunicar com os amigos”, afirma. A proliferação do miguxês só foi possível graças ao MSN e comunidades do Orkut, que divulgam a linguagem e defendem o uso dela entre os adolescentes.

Uma das polêmicas em torno das novas linguagens é o risco de atrapalhar o aprendizado da escrita formal nas redações escolares. Foi o que ocorreu com a estudante Juliana Freitas Nascimento, 16 anos, que chegou a tirar nota 2 em uma prova, por errar a grafia das palavras. “Quando vi que estava me prejudicando, me irritei gàm o miguxês. Hoje, tô fora dessa bobagem”, comenta. Pesquisadores, no entanto, garantem que não há motivo para alarde. “A língua sempre foi um campo de tensão entre as novas gerações e as anteriores, que temem as mudanças. Não há riscos. Os jovens conseguem diferenciar as situações de interlocução e sabem quando é o momento de escrever certo”, diz a psicanalista Cláudia Rosa Riolfi, pesquisadora e professora da faculdade de educação da Universidade de São Paulo. Além disso, assim como as modas anteriores, essa também passa.

Gramática própria• As letras S e C são substituídas por X, para infantilizar a fala. Ex: Você (Vuxeh)• Os acentos agudos e circunflexos são substituídos pela letra H no final da palavra e o til pelas letras N/M. Ex: Será (Serah) / Não (Naum)• O I é substituído pelo EE. Ex: Gatinha (Gateenha)• A letra O vira U. O dígrafo QU e a letra C viram K. Ex: Quero (Keru)• O U não silábico vira W e o E vira I. Ex: Escreveu (Ixcrevew)• As letras maiúsculas são usadas sem critério

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Variações Linguísticas 2

No encontro com os cursistas ontem(15/5) me emocionei com todos os momentos vividos e particularmente com a Leitura Compartilhada que foi lida no matutino " Nóis mudemo" da autoria de Fidêncio Bogo. Um certo dia, a coordenadora de uma escola onde trabalhei leu uma mensagem que nos instigava a refletir sobre a nossa influência( porque não dizer interferência) na vida de cada aluno que passa por nós. Ontem, refleti de forma mais profunda ao ouvir a leitura "Nóis mudemo". Me comoveu perceber que influencio positivamente alunos que comigo interagem.
O futuro deles é da minha responsabilidade sim. Eu não posso privá-los do acesso ao maior número possível de variações linguísticas, pois isso os exclui do mundo de forma árdua e covarde. E não é isso que desejo. Exclusão social nunca será o caminho ideal.
Bjs
Até o próximo encontro.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Hoje foi um dia enriquecedor! As leituras compartilhadas, tanto no matutino quanto no vespertino, são lindas. As cursistas, Lucilene e Diná, as leram com a alma. Eu me senti importante e me identifiquei com as leituras.
Vejo a cada aula como a cooperação enriquece. Fico feliz com muitos cursistas indo além do esperado. É esse o diferencial em toda e qualquer situação: ir além.
Por isso, ânimo sempre. A bíblia fala da facilidade em começar algo e a dificuldade em terminá-lo. Só os bravos e persistentes vão até o fim.
Pena que quinta-feira que vem é feriado.
Beijos para todos(agora temos homem na turma) e até quinta(8/5) no CED 6 onde criaremos os blogs de vocês.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Um ano especial

22/4/08
O ano de 2008 tem sido especial para mim, pois, estou aprendendo mais do que nunca com as novas atividades e atribuições que tenho.
Meu novo grupo de trabalho é particularmente AMOROSO. Isso me renova o ânimo constantemente. É um lugar onde cada erro é aproveitado para um futuro acerto, até porque é errando que se aprende. Percebo que há um real trabalho de equipe e não de euquipe, o que só ratifica o meu pensamento em relação a trabalho prazeroso e não competitivo.
E mais agora que trabalho como tutora do curso "Alfabetização e Linguagem". Que explêndido! Que excepcional! Não consigo ainda relatar quão grande é o aprendizado que obtenho....
Em relação aos cursistas, meu Deus! São pérolas preciosas que a SEDF possui. Cada uma(só temos mulheres no curso) contribui com grandes idéias e comentários. São mulheres altamente corajosas, compromissadas, audazes. Eu as admiro e respeito.
Cursistas! Estou amando trabalhar com vocês neste curso. Obrigada por fazerem parte da minha vida.
Beijos para todas e até quinta.